REVOLUÇÃO RAP

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Cultural


Comunidade
  A cidade do sol
No final dos anos 70, cerca de 60 famílias começaram a habitar uma área que, atualmente, com 125 mil habitantes, é considerada a comunidade mais carente de São Paulo e a segunda da América Latina: Heliópolis.


Por Alexandre de Maio Fotos Rafael Cusato


Heliópolis deixou de ser apenas mais uma comunidade carente entre as muitas que existem no Brasil. A cultura e a educação mudaram a vida dos moradores
No final dos anos 70, cerca de 60 famílias começaram a habitar uma área que, atualmente, com 125 mil habitantes, é considerada a comunidade mais carente de São Paulo e a segunda da América Latina: Heliópolis. Sua história poderia ter sido como a de tantas outras grandes favelas de São Paulo, não fossem a luta e a coragem de um grupo de moradores que fundaram uma associação e fazem de Helipa (como foi apelidada pelos moradores) um exemplo para outras comunidades do Brasil. O segredo? Organização, luta, trabalho, iniciativa, cultura e educação para melhorar a qualidade de vida da população
Genésia Ferreira, de 52 anos, diretora da Unas e uma das responsáveis pela transformação da comunidade
Em grego, Heliópolis significa “Cidade do Sol” e talvez esta seja mesmo a melhor definição para o espaço de um milhão de metros quadrados, localizado na zona sudoeste da cidade de São Paulo. Conhecida pelos moradores como Helipa, a comunidade está se tornando um bairro educador graças à União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis (Unas), organização criada por um grupo de moradores, em 1979, para, a princípio, lutar contra a cobrança do aluguel que todos tinham que pagar para grileiros que se diziam donos da terra, considerado o maior problema da comunidade na época, além de falta de recursos. “Aqui era só mato, tinha 60 barracos, tudo numa situação muito precária, a pobreza era demais e existia toda uma exploração em cima das pessoas”, relembra Genésia Ferreira da Silva Miranda, de 52 anos, uma das diretoras da Unas. Nascida numa família de agricultores em Pernambuco, ela se criou na Paraíba e, aos 18 anos fugindo da pobreza, veio para São Paulo onde, para viver teve que escolher entre o aluguel e a alimentação. Escolheu alimentar seus filhos e se mudou para Heliópolis “Para mim foi um paraíso quando parei de pagar aluguel”, diz a moradora que, com um espírito de liderança nato, enfrentou a polícia e protestou pelos seus direitos à moradia em plena ditadura militar. “Nessa época era muito difícil porque ninguém escutava pobre, ainda mais quem morava em área ocupada”, resume. Genésia e o marido João Miranda foram perseguidos pelos grileiros e pela polícia, mas resistiram, lutando por melhores condições de moradia.


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Fábio Robson da Silva: “Nosso maior projeto é transformar Heliópolis em um bairro educador”
Hoje a Unas é uma organização que atende diretamente 3600 pessoas por dia e que trouxe mudanças significativas para Heliópolis usando a cultura, a saúde, a habitação, o esporte e o lazer como agentes transformadores. “90% dos projetos que a Unas desenvolve agora são focados na educação. Só na área de educação infantil são mais de 12 núcleos que atendem crianças em período integral. Queremos mostrar que a sociedade é um conjunto e que juntos podemos transformá-la. Nosso maior projeto é transformar Heliópolis em um bairro educador”, afirma Fabio Robson da Silva, outro diretor da organização. Na mesma semana da reportagem acontecia a 12º Caminhada Pela Paz, que reúne mais de 15 mil pessoas. A iniciativa nasceu da indignação com o assassinato de uma jovem na porta de uma escola, que hoje é referência, sendo o principal equipamento público de diálogo com a comunidade. É uma caminhada que busca o fim da violência por outra ótica. “Entendemos que a falta de acesso por uma educação de qualidade é uma violência”, fala Fábio.






Bairro Cultural
CINE FAVELA


Reginaldo, o cineasta da comunidade
Quando começamos parecia uma piada, porque ninguém acreditava que na favela se podia fazer cinema de todas as formas possíveis”, conta Reginaldo de tulio, de 46 anos, que fundou o projeto faz 7 anos. O Cine favela é um coletivo prestigiado e reconhecido em São Paulo e chega ao seu 5º Festival Cine Favela de Curta-Metragem exibindo mais de 400 filmes. A ideia nasceu depois que Reginaldo participou do filme Uma Gota de Sangue. essa “ponta” despertou seu sonho de fazer cinema. Da participação, nasceu o longa O excluído , que deu origem ao festival, exibições de filmes e oficinas de cinema. Os cursos contam com nomes importantes do cinema nacional e o projeto inspirou ações semelhantes em outras comunidades. tudo é gratuito e, ao final dos cursos, são produzidos os filmes. “Não importa onde você esteja, é possível fazer cinema”, ensina Reginaldo, que busca ser uma referência dentro de Heliópolis. “quando vejo tudo o que fizemos, sinto que realizamos alguma coisa que vai ficar. Meu sonho é construir um cinema em Heliópolis com várias salas”, afirma Reginaldo.
LEITURA E INTERNET


Para mandar um e-mail, consultar um bom livro ou revista, a parada obrigatória é a Biblioteca Heliópolis, que fica logo na entrada da comunidade. O espaço auxilia a comunidade com computadores ligados à internet, atende uma média de 60 pessoas por dia e tem um acervo de mais de nove mil livros. É reconhecida pelo Ministério da Cultura como Ponto de Leitura e em breve vai oferecer, aos sábados, agora, curso de espanhol. “A biblioteca nasceu para ajudar a implantar a leitura em Heliópolis e tem conseguido! Inclusive já ganhou prêmios locais e o IX Prêmio de Biblioteconomia Paulista Laura Russo, em parceria com a faculdade Belas Artes”, conta orgulhoso o gestor Edson Arthur da Silva, de 23 anos.


"Estamos sempre à disposição da comunidade. O dia que mais me marcou foi quando encontramos a mãe de uma criança que estava perdida"


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FM 87,5 – VERDADEIRAMENTE COMUNITÁRIA!


Nossa visita a Heliópolis e todo o seu contexto cultural e educativo não fariam sentido sem a Rádio Heliópolis, que nasceu em 1992 como Rádio Corneta (uma série de caixas de som espalhadas pela comunidade), mas que só começou mesmo a funcionar como uma emissora em 1997. O primeiro programa de rap foi feito por nosso colunista, Rappin Hood e se chamava a Voz do Rap. Mas a programação sempre foi diversificada, abrangendo todos os ritmos (um programa que só toca Roberto Carlos, outro apenas de forró...). A Rádio Heliópolis se orgulha de ser verdadeiramente comunitária e todas as pessoas que nela trabalham são voluntárias.
Danilo Barreto de Oliveira, conhecido como Mano Zóio, de 26 anos, é locutor do programa Revolução Rap, que entra no ar às 20h e vai até às 22h, de segunda à sexta. Além da música, Zóio leva informação e poesia aos ouvintes e explica que “biografias de pessoas importantes, como Martin Luther King, também estão na programação da rádio. “Estamos sempre à disposição da comunidade. O dia que mais me marcou foi quando encontramos a mãe de uma criança que estava perdida. Nunca pensei que iria trabalhar num veículo tão importante. O rádio me motiva pelo prazer de fazer, e, às vezes, quando tenho um problema pessoal e chego aqui, ele desaparece”, confessa Zóio, integrante de um grupo de rap chamado Aliados da Sul.



BALADA SEM ÁLCOOL


O DJ Reginaldo José, de 32 anos, é um exemplo do que Heliópolis pode produzir. Criado desde o primeiro ano de vida na comunidade, comandou por muito tempo o programa Revolução RAP, na rádio Heliópolis. Preocupado com o futuro dos jovens e pensando em um ponto de encontro onde os moradores pudessem se divertir sem pagar nada, ajudou a criar a Balada Black. A princípio, a ideia era fazer algo que não entrasse nenhum tipo de bebida alcoólica. Maluquice? Nem tanto!
A galera do Jovens Alconscientes
A festa foi um sucesso dentro e fora de Helipa e, há quatro anos, mantém uma média de 600 pessoas por edição. “É uma balada educativa e, através dela, conseguimos conscientizar as pessoas. A gente não quer proibir a bebida, só mostramos que o jovem tem o poder de se divertir sem nenhum tipo de droga ou álcool”, alerta o DJ Reginaldo. Com o sucesso, a festa atraiu outro projeto, chamado Jovens Alconscientes – bancado por empresas privadas – que conta com 12 jovens que recebem uma bolsa em dinheiro para desenvolver iniciativas que conscientizem outros jovens a não consumir álcool antes da idade permitida, um problema sério que atinge com mais intensidade as favelas de todo o Brasil. “Graças a esses projetos conseguimos melhorar um pouco a qualidade de vida dos jovens de Heliópolis”.


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PROJETO



Durante nossa visita à comunidade, encontramos Rogério José da Silva, de 27 anos, indo para a faculdade. Ele faz parte de um dos projetos mais bem-sucedidos de Heliópolis, uma parceria com a Faculdade São Marcos, que disponibilizou mil bolsas de estudo integral para os moradores. Rogério cursa a faculdade de Educação Física. “Eu fui atleta, mas sempre quis fazer faculdade para conseguir dar aula e revelar alguns corredores daqui. Tinha o sonho, mas não tinha a oportunidade”, revela, satisfeito. E m 2007, outra parceria com a Faculdade de Medicina de Cuba conseguiu 2 bolsas para jovens de Heliópolis, que tiveram suas despesas bancadas pela própria comunidade. Algo como apostar no próximo que servirá de referência positiva para outros jovens da comunidade.



"Molecada aqui não tem muita opção, então, através do Hip Hop mostramos outras visões do mundo e dentro disso formamos o cidadão"

RAP PARA CONSCIENTIZAR


Bruno Augusto dos Santos, mais conhecido como China, é outro personagem fundamental nessa transformação de Heliópolis. Ele é MC e faz parte do grupo Avante Coletivo, mas China se destaca na comunidade com seu trabalho nos Centros da Criança e do Adolescente (CCA), onde com suas oficinas leva conteúdos como cidadania, arte e música. Há dois anos desenvolvendo essa atividade, ele já descobriu alguns talentos. “A molecada aqui não tem muita opção, então, através do hip hop mostramos outras visões do mundo e dentro disso formamos o cidadão, para que respeitem as pessoas e se tornem adultos responsáveis dentro da comunidade”, explica China, dentro do CCA chamado PAN, que atende 120 crianças por dia.